É como diz uma música de Caetano Veloso: “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é” e esta é uma colocação verdadeira se levarmos em conta as inúmeras batalhas individuais que enfrentamos diariamente para sobreviver e buscar a felicidade sem que ninguém perceba.

Neste cenário, o início de um novo mês marca também a chegada de assuntos importantes, necessários e, muitas vezes, esquecidos de serem colocados em prática, como a empatia, o respeito e o amor pelo próximo. Afinal, estamos no Setembro Amarelo, uma campanha anual que tem o objetivo de prevenir o suicídio por meio da informação e de ações ativas de ajuda a quem está ao seu redor.

Por isso, o artigo de hoje abordará esta temática, trazendo explicações de como surgiu esta iniciativa, os seus impactos para a sociedade, os tabus de se falar sobre saúde mental, comportamentos que devem ligar o sinal de alerta e atitudes simples que todos podem colocar em prática para auxiliar quem mais precisa.

Preparado(a) para começar e saber mais sobre este tema? Esperamos que aproveite a leitura e que ela seja um ótimo investimento do seu tempo.

Quando esta campanha teve início e como ela tem sido decisiva para prevenir o suicídio?

A origem do Setembro Amarelo nos leva de volta a um acontecimento de 1994 em que um jovem americano de 17 anos chamado Mike Emme e reconhecido por seu Mustang 68 amarelo restaurado e pintado por ele mesmo, cometeu suicídio, fazendo com que seus amigos e familiares distribuíssem cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais.

Esta ação acabou ganhando grande proporções e se espalhou por todo país, até que, em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.

Entretanto, no Brasil, esta iniciativa só foi adotada em 2015, em um projeto conjunto entre o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), com o intuito de trazer à tona dados e a conscientização sobre a segunda maior causa de morte de jovens entre 15 e 29 no mundo (hoje, são registrados mais de 800 mil casos desse problema anualmente, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos).

A partir disso, a campanha ganhou imensa relevância entre a sociedade, já que incentiva pessoas com transtornos mentais ou enfrentando condições como a depressão, o estresse e a ansiedade, a buscarem o acompanhamento com um especialista, criando canais de comunicação para oferecer suporte e acesso ao tratamento necessário e garantindo ainda que pessoas próximas aprendam a identificar possíveis sinais de atenção e ofereçam apoio antes de uma catástrofe.

Atualmente, por exemplo, existe o atendimento da associação CVV que pode ser feito por meio do telefone 188 ou no site. É de graça e está disponível 24 horas por dia em todos os dias da semana para salvar vidas antes que seja tarde demais.

Os tabus envolvidos na dificuldade de pedir ajuda e os sinais que geram atenção

É importante saber, porém, que esta iniciativa de prevenção ao suicídio enfrenta, continuamente, a necessidade de quebrar tabus fortalecidos pelo estigma e a falta de compreensão quando o assunto é saúde mental.

Isso porque alguns motivos nos fazem querer varrer este problema para debaixo do tapete para que não seja perceptivo, como:

  • Medo da repercussão negativa;
  • Vergonha de se mostrar vulnerável;
  • Preocupação que seja visto como sinal de fraqueza;
  • Receio que afete a reputação ou carreira;
  • Dificuldade de aceitar o problema;
  • Pânico de que seja considerado louco, desajustado ou desequilibrado;
  • Pavor de que isso diminua as oportunidades que aparecem na vida;
  • Entre outros.

Por isso, é preciso combater com força estes pensamentos, destacando que a nossa mente é essencial para nos mantermos saudáveis e que ela precisa de cuidados especiais para funcionar sem nos causar problemas.

Então, como identificar mudanças comportamentais que indiquem interesses suicidas? Aqui vão algumas dicas:

  • Falta de interesse pelo próprio bem-estar, refletido em redução de hábitos de higiene, perda de vaidade, indiferença em relação a como se portar, além da sensação de dor e frio;
  • Queda da produtividade nos estudos e trabalho, em virtude da dificuldade de concentração, desatenção, ansiedade, limitação e atraso para concluir as tarefas;
  • Mudanças nos padrões alimentares, fazendo com que comam muito ou pouco, sem contar os desafios para descansar, em que a insônia se torna uma companheira;
  • Intensidade na procura por relações sexuais com diferentes parceiros e sem proteção;
  • Tentativa de buscar reconciliação com todos que já teve alguma desavença;
  • Compartilhamento de pensamentos remoídos e sem esperança em um futuro;
  • Alterações extremas de humor, como excesso de raiva, vingança, irritabilidade e culpa;
  • Frases em forma de aviso, como “a vida não vale a pena”, “estou tão sozinho que queria morrer” ou “você vai sentir a minha falta”;
  • Melhora súbita da melancolia em que o indivíduo tem picos de felicidade;
  • Desapego frente às suas coisas, querendo se desfazer de seus itens materiais;
  • Irresponsabilidade manifestada no uso excessivo de álcool e drogas;
  • Entre outras atitudes incomuns e que não se relacionam ao perfil da pessoa.

Ações simples que a sociedade deve adotar para amparar quem mais precisa

Mas, então, o que fazer frente a estas inúmeras indicações de que algo não vai bem e não está certo? Basta colocar em prática as seguintes condutas:

  • Apoiar sem julgamentos, mostrando que está disponível para ajudar a enfrentar o que for preciso;
  • Prestar atenção não só no que o indivíduo tem a dizer, pois muitas vezes, permanecem em completo silêncio, mas também nas manifestações corporais e de comportamento;
  • Não interprete o que o jovem está passando como drama adolescente ou que está exagerando;
  • Dê a devida importância quando frases como “eu quero morrer” ou “nada mais importa” são manifestadas;
  • Procure dialogar e responder com caráter empático e respeitoso, criando um espaço seguro para a expressão de seus problemas;
  • Evite reagir de forma explosiva ou desacreditando do que a pessoa está tendo coragem de compartilhar;
  • Obtenha ajuda profissional o mais rápido possível, para evitar automutilação e outros danos à saúde física;
  • Remova ou esconda armas ou objetos cortantes que existam na casa;
  • Espalhe informações para aumentar a conscientização de todos e prepará-los para fornecer uma rede de apoio a quem está enfrentando grandes desafios.

Então, é hora de trabalharmos juntos e embarcarmos neste projeto tão importante que leva esperança à vida de quem acha que está no fim do caminho. Faça a sua parte todos os dias do ano!

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